sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

COTIDIANO


É chegado o tempo do qual se falou,
quando já nem se pode ver o azul do céu
que dirá dizer: “meu Deus!”
E não só o amor resultou inútil,
mas todo o sentir do coração dos homens,
senão a angústia e a vergonha
de ser humano e desumano
num mesmo átimo de segundo.

Já não há lágrima, nem gesto, nem riso!
quando os olhos mal dão conta de ver
a vida relegada a reles preço.

As mãos, ora tecem o rude trabalho
ora fustigam, ora lavam o sangue...
e a boca já não vai além das subjetividades.

É chegado esse tempo!
o hoje se faz concreto
sob a vaidade e a leviandade
de uma nobreza carente de valores,
enclausurada em sua magnitude
de poder decidir sobre a vida e a morte
dos que pecam por não ser um deles,
enquanto o mar vai e vem a cada assinatura.

Clemilton Barros

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