quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

APARATO

A vida nos reservou
um pouco de eternidade
um canto, um riso, um sossego
um segredo, vaidade
um quê de quê de tão belo
um sentimento sincero
calmaria, tempestade.

Se esse amor não é capaz
de mover mar e montanha
vira o mundo pelo avesso
quando a saudade medonha
se apossa de mim, me toma
feito um grileiro, um carrasco
me abate em um só segundo
ou se deito pra dormir
não te vendo junto a mim
dou mil voltas pelo mundo.

Meu amor por te é tanto
que quando eu não mais te amar
vou te prender em meu peito
para sempre me lembrar
pra quando estiver bem triste
quando eu quiser me matar
desabotoar o peito
e teu conselho escutar.

Sem ti por perto de mim
tenho fadiga, cansaço
nem me imagino sem ti
sem teu colo, sem teus braços.
Sou impossibilitado
de compor a oração
seja presente ou passado
na voz da reflexão
na pessoa do sujeito
da consumação do ato
mas sabe Deus, meu sentir
é pro mundo um aparato
é um grito sem zoada
de cada um pensador
estrondando ante séculos
qual a voz do criador
que a vida é muito mais bela
até a morte é singela
se revestida de amor.


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Um comentário:

Anônimo disse...

Esse texto tem uma musicalidade extraonária. Um estilo barroco-clássico, sei lá. Já seria uma música? Eu até já estou arremedando aqui uma melodiazinha. Imagino que essa parte de verde seja o seu refrão, não é?

Parabéns!